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Caatinga: O bioma brasileiro cheio de riquezas únicas

É de conhecimento comum que a Caatinga possui extrema biodiversidade e importância. Mas você conhece, de fato, essa diversidade e sabe por que esse Bioma é tão único?


O nome Caatinga significa Mata Branca em tupi-guarani, e ele foi dado devido à cor da vegetação na estação seca, na qual as plantas perdem grande parte de suas folhas para diminuir a transpiração. Esse Bioma ocupa 11% do território nacional, incluindo estados, como: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais.


Foto por Mel Mata Branca

Esse Bioma tem um caráter especial, pois é o único com todos os limites localizados em território brasileiro, ou seja, seu patrimônio biológico é exclusivo do país. Apresenta clima semiárido, possuindo curtas estações de chuva, mas, apesar disso, não é nada improdutivo.


Ademais, por apresentar grande irregularidade climática, com situações bem extremas, os indivíduos precisaram desenvolver muitos mecanismos de sobrevivência, o que valoriza ainda mais essa unicidade e importância ecológica.


Diversidade de flora

A flora da Caatinga é extremamente diversa e específica, apesar de possuir seres nativos de outras regiões do Brasil, sua particularidade climática também garante uma boa quantidade de espécies endêmicas.


Ao contrário do que muitos podem pensar, o Bioma não é limitado somente aquela imagem do sertão, podendo ter sua fisionomia variando entre espécies arbóreas, arbustivas e espinhosas. Conheça duas plantas importantes na flora da Caatinga:

  • Umbuzeiro (Spondias tuberosa L.): é uma árvore da Caatinga conhecida como “árvore sagrada do sertão”, por ser frondosa e fornecer frutos usados no consumo e economia locais. Além de frutífera, essa árvore possui raízes que acumulam água e reservas nutritivas.


Foto por Marcelino Ribeiro
Foto por Marcelino Ribeiro











  • Quiabento (Pereskia zehntneri): é uma espécie arbustiva da Caatinga com flores rosas, folhas com valor medicinal e culinário. Muitas vezes, essa planta é usada para fazer cercas vivas no sertão, por conta de grandes espinhos espalhados em sua superfície.

Foto por Dinho Silva

Mecanismos adaptativos da vegetação

Para entrar em harmonia com o meio de clima semiárido e garantir a sobrevivência, as plantas da Caatinga precisaram desenvolver estratégias de adaptação, incluindo características estruturais e funcionais específicas. Essas técnicas são importantes, pois mantêm os indivíduos “adormecidos” em períodos secos, a fim de que possam explodir em formas e cores quando a estação chuvosa chega. São elas:

  • Redução da área foliar: menor taxa de transpiração;

  • Caducifólias: queda de folhas para diminuir a perda de água por transpiração;

  • Espinescência: folhas modificadas em espinhos para economizar água (comum em cactos);

  • Suculência: tecidos que armazenam água;

  • Presença de ceras: diminui a perda de água, evita a entrada de patógenos e reflete luz;

  • Estômatos protegidos, escondidos ou reduzidos: maior controle sobre a abertura e o fechamento evita a perda de água e limita a absorção de poluentes;

  • Raízes longas: para absorver água do solo e raízes com reservas nutritivas.


Representação de espinescência no Xique-xique – Foto por Natureza Bela

Diversidade de fauna

A diversidade de animais é enorme, envolvendo inúmeras espécies endêmicas, ou seja, exclusivas dessa região. O estudo desses seres é crucial para o entendimento das particularidades e dos processos ecológicos que ocorrem nesse local.


Os animais, assim como as plantas, possuem estratégias de adaptação às estações secas, que estão ligadas, em grande parte, a comportamentos migratórios. São exemplos de fauna: Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), Onça-parda ( Puma concolor), Gato-do-mato (Leopardus tigrinus), entre outras.


Entretanto, a situação de animais em risco de extinção é crítica. Acredita-se, até, que alguns deixaram de existir antes mesmo de serem conhecidos. Veja, a seguir, dois exemplos de animais em estado crítico:

  • Ararinha-azul: (Cyanopsitta spixii): espécie exclusiva da Caatinga brasileira, considerada uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo, que teve sua população dizimada pela exploração humana. Seu último indivíduo visto na natureza foi por volta de 2000, e, atualmente, os poucos exemplares restantes vêm sendo usados para reprodução em cativeiro.

Foto por Patrick Pleul
  • Guigó-da-Caatinga (Callicebus barbarabrownae): é uma espécie de primata, raro e endêmico da Caatinga, classificado com um nível crítico de perigo de extinção, motivado pela perda e fragmentação de habitat.

Foto por Antonio Estrela

Conservação da Caatinga e de suas riquezas

A Caatinga é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Ela possui grande área de degradação, advinda da exploração antrópica de anos, além da degradação natural por fatores abióticos, como o clima. Por esse motivo, se tornou tão necessário pensar na conservação desses ambientes e de suas riquezas.


O Bioma já foi chamado de “Verdadeira farmácia viva” pela Embrapa, por possuir várias plantas com potenciais medicinais, usadas como medicamentos caseiros e fitoterápicos. Sua riqueza também permite a produção de fibras de palha, cerâmicas, e bordados, exaltando as belas espécies locais. Além disso, o comércio local faz ótimo proveito de suas raízes tuberosas e frutos deliciosos.


São tantos os valores agregados pela Caatinga ao país, e, a fim de que ela seja valorizada devidamente, este tema precisaria ser mais conhecido e estudado. A conservação de sua área e de suas espécies permite um saber mais aprofundado dos ecossistemas, assim como um maior aprendizado da vegetação no geral, além de preservar o valor inerente a ela para a população regional.


O Recaatingamento é um projeto interessante, o qual ajuda na conservação do bioma. Ele está localizado em Juazeiro e visa o respeito do povo e das terras da região. Soma-se a isso o objetivo de unir a própria população para fazer transformações socioambientais e inverter a desertificação da Caatinga, por meio do uso sustentável de seus recursos naturais.


Foto por Rodrigo Viana

Gosta de estudar os Biomas brasileiros? Então leia os outros textos do Blog sobre esse assunto! Frutas do Cerrado e Fisionomias do Cerrado, O efeito do fogo nos Biomas brasileiros, A Amazônia é mesmo o pulmão do mundo?.



REFERÊNCIAS

BELARMINO, Maria. Mecanismos adaptativos da vegetação da caatinga. In: BELARMINO, Maria. Adaptações vegetacionais da Caatinga à seca: Concepções dos alunos de uma escola pública do município de Damião-PB. 2017. TCC (Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Campina Grande, [S. l.], 2017. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/bitstream/riufcg/7337/1/MARIA%20RIZONEIDE%20ARA%C3%9AJO%20BELARMINO%20-%20TCC%20BIOLOGIA%202017.pdf. Acesso em: 24 nov. 2020.

SOCIEDADE PORTUGUESA DE ECOLOGIA. Florestas. [S. l.]: SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia, 2012. 86 p. v. 4. Disponível em: https://speco.pt/images/Artigos_Revista_Ecologia/revistaecologia_4.pdf#page=15. Acesso em: 25 nov. 2020.

Fundação Joaquim Nabuco. Saiba quais são as características da Caatinga. [S. l.], 15 mar. 2019. Disponível em: https://www.fundaj.gov.br/index.php/conselho-nacional-da-reserva-da-biosfera-da-caatinga/9193-saiba-quais-sao-as-caracteristicas-da-caatinga#:~:text=H%C3%A1%20forte%20presen%C3%A7a%20de%20arbustos,perda%20de%20%C3%A1gua%20por%20evapora%C3%A7%C3%A3o.

RIBEIRO, Marcelino. Cientistas desenvolvem as primeiras cultivares de umbuzeiro. [S. l.], 22 out. 2019. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/47436939/cientistas-desenvolvem-as-primeiras-cultivares-de-umbuzeiro. Acesso em: 24 nov. 2020.

DRUMOND, Marcos et al. Caatinga: um bioma exclusivamente brasileiro... e o mais frágil. IHUOnline, [s. l.], ed. 389, 2012. Disponível em: http://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao389.pdf. Acesso em: 24 nov. 2020.

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. Ararinhas-azuis de volta à Caatinga. [S. l.], 19 fev. 2020. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/10918-ararinhas-azuis-de-volta-a-caatinga#:~:text=Descoberta%20no%20in%C3%ADcio%20do%20s%C3%A9culo,desapareceu%20em%20outubro%20de%202000

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. Avaliação do Risco de Extinção de Callicebus barbarabrownae Hershkovitz, 1991 no Brasil. [S. l.], 28 out. 2015. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/component/content/article/8035-mamiferos-callicebus-barbarabrownae-guigo-da-caatinga.

IRPAA – INSTITUTO REGIONAL DA PEQUENA AGROPECUÁRIA APROPRIADA (Bahia). Recaatingamento. [S. l.], 18 maio 2010. Disponível em: http://www.recaatingamento.org.br/quem-somos/. Acesso em: 25 nov. 2020.


 

Sobre a autora: Marcela Andressa Sponchiado, graduanda em Ciências Biológicas/Bacharelado – UFU. Apaixonada por plantas e animais.

Contato: sponchiadoma.2000@gmail.com


 


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