O Brasil tem aproximadamente 250 espécies de abelhas pertencentes à tribo Meliponini, chamadas popularmente de abelhas sem ferrão. Algumas destas espécies são criadas para a produção de mel, que tem sido cada vez mais valorizado para fins gastronômicos.
Além disso, elas cumprem um papel muito importante na polinização de plantas e podem ajudar no aumento da produtividade agrícola (leia nosso texto A relação das abelhas com o aumento da produtividade agrícola em pequenas e grandes propriedades)
E onde essas abelhas nidificam?
Em geral elas nidificam em ocos encontrados nos troncos de árvores, mas podem também utilizar cavidades naturais em barrancos e no solo, espaços vazios em muros, paredes de casas e mesmo ninhos abandonados de formigas e cupins.
Nessa construção, as abelhas usam cera, resina, barro e cerume (uma mistura de cera com resina). Muitas espécies podem também ser adaptadas a colmeias artificiais, como exemplo, caixas de madeira. Importante salientar que existem vários modelos de caixa que podem ser usados, sendo necessária a adaptação à espécie e do produtor. O modelo escolhido deve levar em consideração a biologia das abelhas, arquitetura do ninho e facilidade de manejo.
Meliponários
São chamados os locais onde são instaladas as colmeias de meliponíneos. Para que um meliponário tenha sucesso no fortalecimento das colmeias, algumas condições devem serem consideradas no momento em que o meliponicultor está escolhendo o local de sua instalação, tais como:
Flora: ocorrência de florada, ou seja, plantas que forneçam o pólen e néctar às abelhas durante a maior parte do ano;
Água: tão importante quanto a flora, a água é um elemento fundamental para o desenvolvimento de uma colmeia, logo é recomendado que o meliponário tenha uma fonte de água a no máximo 100 metros de distância;
Vento: importante evitar locais com forte incidência de ventos fortes, os ventos dificultam o voo das abelhas fazendo com que elas gastem mais energia para se locomover até a fonte de alimento;
Sombreamento: o ideal é colocar as caixas em local sombreado para evitar que o sol aqueça excessivamente a colmeia, as caixas devem ser protegidas por alguma cobertura, normalmente telha;
Acesso: o meliponário deve ter fácil acesso para facilitar o manejo das colmeias pelo meliponicultor. Esses meliponários podem ser coletivos ou individuais.
Meliponários Coletivos
Um dos exemplos mais clássicos é a instalação das caixas nos alpendres ou varandas das casas. No entanto, pode-se também construir uma estrutura para abrigar essas caixas (Figura 1).
Meliponários Individuais
Nesse tipo de meliponário as colmeias são instaladas em suportes individuais. Assim as caixas são protegidas da chuva com coberturas independentes, que não exigem a construção de estruturas complexas (Figura 2).
E qual a diferença de apicultura e meliponicultura?
A apicultura é a criação da abelha Apis Mellifera. A mesma é conhecida no Brasil como abelha europeia, Europa ou “oropa”. Essas abelhas foram trazidas ao Brasil da Europa, por imigrantes, e da África, pelo professor Warwick Estevan Kerr (1956).
O resultado do cruzamento natural entre as abelhas europeias e africanas, no Brasil, é conhecido como abelhas “africanizadas”. Essas abelhas são mais defensivas que as europeias e mais resistentes a doenças. Assim como as europeias puras, elas possuem ferrão no abdômen para defesa da colmeia.
A meliponicultura é a criação de abelhas nativas do Brasil. São abelhas que já existiam no país antes que a Apis fosse introduzida, e tem como característica a presença de um ferrão atrofiado, o qual elas não utilizam para sua defesa.
Assim, elas se defendem através de mordidas com suas mandíbulas, tentando penetrar no nariz e nos ouvidos, emaranhando-se nos cabelos ou depositando própolis sobre seus agressores. A meliponicultura trata de várias espécies, sendo as mais comumente criadas: Jataí, Uruçú, Mandaçaia, Iraí, Irapuá, entre outras.
A produtividade dessas colmeias é bem menor que a da Apis, espécies mais produtivas chegam até 10 litros de mel por colmeia. O mel dessas abelhas também é diferente, possuindo teor de água mais elevado se comparado ao mel de Apis.
REFERÊNCIAS:
PEREIRA, F. de M.; SOUZA, B. de A.; LOPES, M. T. do R. Criação de abelhas-sem-ferrão. Teresina: Embrapa Meio-Norte, (2017). 31 p. Acesso em: 28 set. 2020.
VILLAS-BOAS, J. Manual Tecnológico: Mel de Abelhas sem Ferrão. Brasília, DF. Instituto Sociedade,
População e Natureza (ISPN). Brasil, 2012, 96 p. (Série Manual Tecnológico). Acesso em: 28 set. 2020.
Associação Brasileira de Estudos das Abelhas – A.B.E.L.H.A. (2015). MELIPONICULTURA. São Paulo: A.B.E.L.H.A. Disponível em: https://abelha.org.br/meliponicultura/. Acesso em: 30 set. 2020.
Abelhas Apis mellifera: instalação do apiário / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. - 2. ed. Brasília: SENAR, 2010. Acesso em: 30 set. 2020.
CAMPOS, L. A. DE O.; PERUQUETTI, R. C. Biologia e criação de abelhas sem ferrão. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, Informe técnico n. 82. 1999. 36 p. Acesso em: 30 set. 2020.
Meliponários. Criar Abelhas (2019). Disponível em: https://www.criarabelhas.com.br/meliponarios/. Acesso em: 30 set. 2020.
KERR, W. E.; CARVALHO, G.A.; NASCIMENTO, V. A. A abelha uruçu: biologia, manejo e conservação.
Belo Horizonte: Acangaú. 1996, 144p. Acesso em: 30 set. 2020.
Sobre a autora: Lorena Costa Silva, graduanda em Ciências Biológicas/Licenciatura - UFU. Ama animais e esportes.
Contato: lorenacsilva8@gmail.com @_lolocosta
Ficou ótimo o texto! Seres muito carismáticos do nosso reino animal! Parabéns!
Boa tarde, Lorena!! Muito bom bom o texto e de extrema importância! São seres incríveis que fazem parte dos nossos dias, parabéns pela escolha do tema!