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Será Que Ainda Haverão Mais Pandemias?

Atualizado: 21 de set. de 2022


Fonte: Pixabay.

Bom, antes de respondermos a esta fatídica pergunta, é necessário entendermos alguns fatores que precedem o surgimento de uma pandemia. Neste texto, discutiremos alguns deles e em qual cenário o Brasil se encontra durante/após a pandemia por COVID-19.


Fonte: Getty Imagens.

1° Fator: Aumento do contato entre seres humanos e animais silvestres.


A pandemia por COVID-19, que ainda se mantém em nosso planeta, trouxe à tona os perigos que já vinham sendo ignorados por diversos líderes e governos. A falta de políticas voltadas para a preservação e manutenção da biodiversidade fez com que o contato humano e animais silvestres se estreitasse. Dessa forma, os seres humanos passaram a conviver mais com a fauna silvestre, seja através da caça esportiva, caça para alimentação, tráfico de animais ou mesmo acidentes com estes.


Essa nova relação trouxe e vem trazendo cada vez mais prejuízos à fauna e à saúde humana, visto que este contato vai além. Os seres humanos e os animais silvestres estão expostos a uma gama maior de patógenos, sendo muitos deles ainda desconhecidos. A perca de habitat para as grandes mineradoras, sendo que muitas destas operam em áreas de preservação de forma ilegal, a redução dos critérios de licenciamento ambiental, desmatamento e vendas de áreas florestais para empresas privadas, fez com que diversos animais buscassem refúgios dentro das cidades.

Fonte:  Barcroft Media/Getty Images.

Por meio dessa nova interação e exposição aos patógenos, as doenças zoonóticas (doenças infecciosas transmitidas de animais para pessoas que podem ser causadas por bactérias, parasitas, fungos ou vírus) conhecidas e desconhecidas ganharam espaço para se dissipar e, também, para evoluir. Esse fenômeno se chama "Spillover" ou "Transbordamento", que ocorre quando agentes causadores de doença que circulavam restritamente em um grupo animal “saltam” e passam a infectar outras espécies, incluindo humanos.



2° Fator: Vulnerabilidade Socioeconômica.


Doenças como a leishmaniose, gripe, dengue, varíola dos macacos (conhecida atualmente como monkeypox) e outras zoonoses, são inicialmente mais comuns nas populações menos favorecidas. Isso ocorre devido os riscos que essas populações estão expostas, desde o momento em que adentram as matas em busca de alimentos e outros itens, até o preparo destes. Neste processo, esses indivíduos entram em contato com mosquitos, carrapatos, mordidas e arranhões de outros animais, águas contaminadas e outras fontes patogênicas.


Fonte: Márcia Foletto.

No entanto, esse contato não para por aí! Ao preparar seus alimentos, principalmente a carne de caça, os indivíduos se expõem às vísceras dos animais, que também oferecem grandes riscos de contágios. A carne mal cozida, as condições para o preparo do alimento, a falta de água encanada, higienização do local destinado ao preparo dos alimentos e higienização pessoal são mais alguns dos fatores que aumentam o contato com patógenos e de infecções zoonóticas.



3° Fator: Mobilidade humana.


O surto no mundo por SARS-CoV-2, principalmente em cidades com grandes populações, corrobora com a ideia de que o fator do deslocamento é um dos principais agentes de disseminação de zoonoses. Mas, como isso ocorre? Bom, diversos habitantes de cidades menores dependem diretamente dos recursos que as cidades grandes produzem para seu sustento. Dessa forma, precisam se locomover até elas para a busca e/ou venda de produtos. O mesmo vale para os diversos indivíduos que necessitam fazer viagens nacionais e internacionais, seja de forma profissional ou para lazer.


O que acontece quando uma pessoa infectada por alguma zoonose precisa viajar para uma cidade grande, como São Paulo? BOOOOM!!! Uma zoonose com os mesmos traços de espalhamento como da COVID-19, dentro de uma cidade com grande fluxo de indivíduos passa a se tornar uma bomba relógio para uma epidemia (aumento de número de casos de uma doença em várias regiões).

Fonte: Roberta Namour.

No entanto, as grandes cidades não recebem apenas indivíduos das pequenas cidades, mas também indivíduos de outros países, que viajam a negócios ou a passeio. Quando um destes se infecta com alguma doença altamente virulenta e retorna ao seu país de origem, ele potencializa o risco do surgimento de uma pandemia, visto que agora essa doença adentrou um novo país.


Mas, e então, teremos mais pandemias?


Agora que explicamos apenas alguns dos fatores que podem influenciar no surgimento de pandemias, podemos tentar responder à pergunta de milhões e, infelizmente, há sim grandes chances de haver pandemias tão avassaladoras quanto a de COVID-19. A globalização intensificou as dependências entre os países, fazendo com que o fluxo de indivíduos de um país para outro seja cada vez mais necessária.

A desmatação desenfreada, caça e tráfico ilegais, avanço das cidades rumo às zonas de matas, mineração e outros, vem ocorrendo de maneira desgovernada e sem intervenções. Diversos estudos apontam que nosso país tenha grandes chances de dar origem a uma nova pandemia, devido às diversas e fortes intervenções feitas na Floresta Amazônica, Pantanal, Mata Atlântica e outros biomas, em busca de minérios, madeira, construções e etc.


Fonte: Pixabay.

A melhor forma de evitar que isso ocorra é através de políticas cada vez mais rigorosas com a exploração de recursos naturais, preservação e manutenção da fauna e flora, proibição da caça, melhoras no sistema de saúde e educação ambiental. Importante ressaltar também que as zoonoses são consequências das relações entre humanos e animais. Os animais silvestres muitas vezes são apenas reservatórios para os patógenos, e vivem de forma saudável. No entanto, para os humanos, estes patógenos são capazes de causar doenças.


Matar animais com o intuito de "minimizar" os riscos de zoonoses, além de ser ilegal (com possibilidades de prisão e multas), só aumentam as chances de uma nova doença surgir.


Fonte: Ministério Público de Minas Gerais.

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REFERÊNCIAS:



HONORATO, Ludimila. Novos picos da covid-19 na cidade de São Paulo são descartados por especialistas. UOL, 6 ago. 2020. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/08/06/especialistas-nao-veem-novos-picos-da-covid-19-na-cidade-de-sao-paulo.htm. Acesso em: 11 set. 2022.


ROCHA, Lucas. Desmatamento e caça ilegal podem causar novas epidemias no Brasil, diz estudo da Fiocruz. CNN Brasil, 29 jun. 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/desmatamento-e-caca-ilegal-podem-causar-novas-epidemias-no-brasil-diz-estudo-da-fiocruz/. Acesso em: 11 set. 2022.


WINCK, G. R. ; RAIMUNDO, R. L. G. ; FERNANDES-FERREIRA, H. ; BUENO, M. G. ; D'ANDREA, P. S. ; ROCHA, F. L. ; CRUZ, G. L. T. ; VILLAR, E. M. ; BRANDAO, M. ; CORDEIRO, J. L. P. ; ANDREAZZI, C. S. . Socio-ecological vulnerability and the risk of zoonotic disease emergence in Brazil. SCIENCE ADVANCES , v. 8, p. 1-11, 2022. Acesso em: 11 de setembro de 2022.


 

Sobre a autora: Millena Maria Gervásio de Araújo. Graduanda em Ciências Biológicas / Licenciatura - UFU. Apaixonada por jogos, animes e animais. Ama aves e répteis.



 




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