Você já viu uma anta? Gosta desse animal? Por que a anta não aparece nos filmes? Por que não ouvimos falar tanto dela? Já que precisamos conhecer para poder preservar, apresento a vocês a querida anta, que de anta só tem o nome!
Esse animal que poucas pessoas conhecem e muito menos viram por aí, representa com maestria a grande biodiversidade de nosso país. A anta é simplesmente o maior mamífero da América do Sul, podendo atingir nada mais nada menos, que 300 kg, distribuídos por até 2 metros de comprimento.
É um indivíduo muito bem sucedido no meio animal, por sinal, já que é um dos mais antigos do planeta. No Brasil, a espécie Tapirus terrestrisela, já apresentou populações significativas em quase todos os biomas, uma realidade bem diferente do que vemos hoje.
A anta atualmente vive no Pantanal e na Floresta Amazônica. Já na Mata Atlântica e no Cerrado, ela infelizmente se encontra quase extinta. A espécie sofre grandes riscos devido a destruição de seu habitat natural, pois necessita de longas extensões territoriais para viver, assim como limitações alimentares, visto que a grande quantidade de agrotóxicos tem prejudicado seu modo de vida.
Dentro disso, sabemos que a caça realizada pelos próprios humanos torna ainda mais difícil a preservação da espécie, além de que muitos deles ainda têm preconceitos relacionados ao animal, como achar que eles transmitem doenças ao gado e que são “burros”, superstições que já foram desmistificadas pela ciência, comprovando que além de não apresentarem riscos a outros animais, elas são muito inteligentes.
Já viu um bebê anta? Te apresento agora, é a coisa mais fofa! Quando nascem, os filhotes apresentam listras e pintinhas pelo corpo que facilitam sua camuflagem.
A espécie costuma andar sozinha e não em bandos, por isso as fêmeas e machos se encontram somente para acasalar. A gestação desses animais é bem longa, podendo durar até 13 meses, além do cuidado parental, onde as fêmeas acompanham seus filhotes por mais de um ano inteiro. Dentro desses períodos, essa fêmea não se reproduzirá novamente, com isso, podemos perceber que a reprodução se torna demorada e complexa para a espécie, exigindo grande investimento energético, o que dificulta ainda mais sua conservação.
O que você acha que as antas comem? Elas são herbívoras e, pelo tamanho que podem atingir, já dá pra imaginar que elas precisam de muitos recursos alimentares. Sendo assim, sua alimentação é bem diversa, incluindo frutos como goiaba, pequi e o jatobá, que ela pega caídos ao chão, assim como aqueles não comerciais e bem regionais, como araticum-cagão, marolo, cumbaru, figo e a mangava, além de diversos coquinhos. Muitas frutas carnosas e com caroços enormes, que somente a anta consegue engolir, e é aí que entra seu apelido de jardineira das florestas.
Devido a diversas características, a anta é uma das únicas espécies que consegue dispersar diversas sementes nativas e, por caminhar longas distâncias, isso torna ainda mais eficaz esse trabalho tão incrível e biodiverso que elas trazem para os locais onde habitam, colaborando de forma significativa para a renovação natural das florestas. Além disso, a anta é conhecida como uma espécie guarda-chuva, isso significa que disseminar sua preservação protege e beneficia diversas outras espécies.
Para quem já teve essa curiosidade, a anta não é parente dos elefantes, ela está mais próxima dos rinocerontes e dos cavalos. Outra curiosidade é que as antas são ótimas nadadoras, atravessam rios e podem até mesmo mergulhar para fugir de predadores, por isso gostam bastante de locais com presença de água.
Agora que você já conhece a anta, deixarei aqui um dos principais projetos que visa a preservação desse animal, para que você possa saber mais e apoiar. Dentro do Projeto IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, existe a INCAB – Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira, conduzida por Patrícia Medici, a maior especialista do mundo em antas. E não se esqueça, dia 27 de abril é dia mundial das antas!
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REFERÊNCIAS
MEDICI, Patrícia; JOHN, Liana. Minha Amiga é uma Anta. SZB - Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil, [S. l.], p. 1-7, 5 ago. 2013.
CILLANI, Cibele. Importância da Anta na dispersão de sementes. Explica Anta!, [s. l.], 19 fev. 2021. Disponível em: https://www.protapir.org/post/import%C3%A2ncia-da-anta-na-dispers%C3%A3o-de-sementes. Acesso em: 30 maio 2022.
MEDICI, Patrícia et al. Avaliação do Risco de Extinção da Anta brasileira Tapirus terrestris Linnaeus, 1758, no Brasil. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, [S. l.], ano II, n. 3, p. 103 a 116, 2012. Disponível em: https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/243/144. Acesso em: 30 maio 2022.
Sobre a autora: Gabriella Louli Soares, Graduanda em Ciências Biológicas/Bacharelado - UFU. Gosta de estar em contato com a natureza e estar com seus amigos.
Contato: louligabriella@gmail.com
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