Plantas Parasitas: de Sinais Sistêmicos à Restauração Ecológica
- minasbioconsultoria
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Plantas parasitas: o nome já nos remete a problemas. Afinal, como um parasita pode ser benéfico?
Plantas parasitas adquirem recursos extraindo-os de outras plantas. Essa extração de substâncias ocorre através de raízes modificadas denominadas haustórios, que penetram o sistema vascular do indivíduo parasitado. Há espécies incapazes de realizar fotossíntese, chamadas de holoparasitas, e espécies que realizam fotossíntese, mas que ainda sim adquirem parte de seus nutrientes por meio do parasitismo, denominadas hemiparasitas.
De fato, o parasitismo é uma interação na qual um organismo se beneficia, e outro sai prejudicado, sendo as plantas parasitas capazes de afetar atividades agrícolas, por exemplo. No entanto, esse grupo polifilético apresenta um papel ecológico muito mais complexo e diversificado do que aparenta.
O artigo que pode ser traduzido como “Plantas Parasitas: para quê servem?” adota essa perspectiva e nos apresenta algumas funções importantes dessas plantas.
Criação de redes de indivíduos
Um único indivíduo de planta parasita pode se ramificar e ter várias hospedeiras ao mesmo tempo. Dessa forma, cria uma ampla rede de conexão entre plantas, na qual ocorre o envio de sinais entre organismos.
Um exemplo é o caso da Cuscuta australis, que possibilitou o envio de sinais contra ataques de insetos herbívoros e estresse salino para outra planta, também parasitada pela espécie.

Controle de espécies dominantes
Plantas parasitas podem parasitar espécies dominantes que, ao terem recursos extraídos e crescimento parcialmente inibido, podem abrir espaço para o desenvolvimento de outras espécies tolerantes ou não afetadas pela parasita. O resultado é a alteração do equilíbrio competitivo e aumento da biodiversidade no ecossistema.
Um exemplo dessa função é o caso do gênero Rhinanthus, parasita que suprime gramíneas. Do ponto de vista da agricultura tradicional, elas ocasionam a diminuição da produção de feno. Entretanto, uma pesquisa ecológica demonstrou que duas espécies do gênero levaram à supressão da gramínea invasora nativa Calamagrostis epigejos na Europa Central, proporcionando a restauração da composição da comunidade. Dessa forma, a espécie Rhinantus alectorolophus tornou-se uma medida padrão para a conservação da natureza na República

Uso humano de plantas parasitas
As flores Rafflesia são utilizadas no ecoturismo, contribuindo para a economia de diversas regiões do Sudeste Asiático ( Barcelona et al., 2009 ). Apesar dos prejuízos gerados no desenvolvimento de hospedeiras em muitos casos, ao observar algumas das funções citadas, conclui-se que plantas parasitas podem atuar na comunicação entre organismos; são capazes de assumir o papel de engenheiras de ecossistemas e oferecem serviços ambientais de provisão, como no ecoturismo. Sem dúvidas, como cita o artigo, plantas parasitas são mais do que ervas daninhas!
Referências
Tesitel, Jakub; LI, Ai-Rong; KNOTKOVÁ, Katerina; MCLELLAN, Richard; BANDARANAYAKE, Pradeepa C. G.; WATSON, David M. The bright side of parasitic plants: what are they good for? Plant Physiology, v. 185, n. 4, p. 1309-1324, 2021.

Sobre o autor: Lorena Vieira de Oliveira Silva, graduanda em Ciências Biológicas, apaixonada por Jesus, fascinada pela Biologia e pelo cuidado com o meio ambiente.
E-mail: lorena.vieira.minasbio@gmail.com
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