Marsupiais e o cuidado neonatal humano
- minasbioconsultoria

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A estratégia de cuidado do recém-nascido prematuro ou de baixo peso é observada nos cangurus e tem se ganhado grande destaque, já que pesquisas demonstram um melhor desenvolvimento do filhote e o fortalecimento do vínculo entre mãe e filhote. Esse comportamento reprodutivo dos marsupiais, como o canguru, despertou grande interesse científico e trouxe importantes avanços ao relacionar sua biologia à realidade dos prematuros humanos.
O filhote do canguru nasce em um estágio de pouco desenvolvimento, com baixa probabilidade de sobrevivência. Logo após o parto, ele se arrasta até o marsúpio, onde encontra leite, calor e proteção, permanecendo na bolsa até completar seu desenvolvimento. Uma das grandes curiosidades é que a fêmea permanece em estado gestacional quase constante, sendo capaz de manter um embrião em diapausa enquanto cuida do filhote que está no marsúpio, repetindo esse ciclo continuamente.

Essa característica biológica tornou-se inspiração direta para o Método Canguru, que busca oferecer ao bebê prematuro um ambiente de continuidade semelhante à bolsa, com foco no contato pele a pele. Essa prática tem provocado uma transformação nas rotinas e nas práticas institucionais de saúde, ao reconhecer a família como parte fundamental do cuidado durante todo o processo.
O contato pele a pele favorece o aleitamento materno, essencial para os prematuros, pois a proximidade entre mãe e bebê estimula a produção de leite, reduz o estresse e fortalece o vínculo, onde é observado nos marsupiais, cujos filhotes permanecem na bolsa e se alimentam constantemente durante longos períodos.
Assim, o Método Canguru representa um cuidado que une ciência, natureza e afeto. Inspirado nos animais que reforçam o valor do contato materno, ele proporciona um ambiente essencial para o desenvolvimento e vínculo do prematuro, transformando o corpo materno em um verdadeiro marsúpio humano, capaz de oferecer segurança, calor e proteção para seu crescimento.
Referências:
SILVA, L. G. de C. C. da; FERREIRA, J. B.; LIMA, U. T. S. de; LIMA, J. de A.; BATISTA, M. N. Método canguru: revisão histórica e documental. Revista JRG de Estudos Acadêmicos , Brasil, São Paulo, v. 7, n. 14, p. e141157, 2024. DOI: 10.55892/jrg.v7i14.1157. Disponível em: http://www.revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/1157. Acesso em: 2 dez. 2025.
VÉRAS, Renata Meira. Práticas institucionais/discursivas acerca dos cuidados com os bebês prematuros e/ou de baixo peso: o programa canguru. 2010. 230 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social; Processos Psicossociais; Relações de Poder e Sociedade) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/17584. Acesso em 2 dez. 2025.
VIDEIRA, Dayse Mary Aguiar Barbalho. Aleitamento materno exclusivo para prematuros na Unidade Canguru. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Linhas de Cuidado em Saúde Materna, Neonatal e do Lactante) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Florianópolis, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/17516. Acesso em: 2 dez. 2025.

Sobre a autora:
Yasmin Ribeiro de Freitas, natural de Arapuá–MG, é graduanda em Licenciatura pela Universidade Federal de Uberlândia. Apaixonada pela vida simples, um olhar atento e encantado pela zoologia e por tudo o que essa área pode nos ensinar e oferecer.







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