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Rainhas, operárias e zangões: como funciona a organização social das abelhas?

  • Foto do escritor: minasbioconsultoria
    minasbioconsultoria
  • 2 de jul.
  • 3 min de leitura
Foto: “Abelha preta e amarela na flor amarela” por @fotolunatics, disponível em: Abelha preta e amarela na flor amarela foto – Imagem grátis sobre Abelhas na Unsplash
Foto: “Abelha preta e amarela na flor amarela” por @fotolunatics, disponível em: Abelha preta e amarela na flor amarela foto – Imagem grátis sobre Abelhas na Unsplash

Se você já observou um enxame ou um ninho de perto, talvez tenha se perguntado como tantos indivíduos conseguem viver juntos, cada um com sua função, em um sistema tão eficiente. Essa organização não acontece por acaso, ela é fruto de milhões de anos de evolução e seleção natural.


A maioria das espécies de abelhas com que estamos acostumados, especialmente as sem ferrão (como as do gênero Melipona) ou a famosa abelha-africanizada (Apis mellifera), vive em sociedades complexas. Essas abelhas são chamadas eussociais, e possuem três características principais: divisão de trabalho reprodutivo (com rainhas e operárias), cuidado cooperativo com a prole e sobreposição de gerações no ninho.

Quem é quem na colmeia?


Rainha: é a única fêmea fértil da colônia (em algumas espécies é possível observar mais de uma rainha por ninho e até mesmo “pseudo rainhas”). Sua função principal é fazer a postura de ovos, em algumas espécies, chega a pôr centenas de ovos por dia! Mas engana-se quem pensa que ela “manda” nas operárias. Na verdade, ela emite feromônios que ajudam a regular o comportamento das outras abelhas, como se fosse uma linguagem química.


Operárias: são todas fêmeas estéreis (ou com sua fertilidade inibida). Fazem de tudo dentro do ninho, como: cuidam da rainha, constroem e limpam os favos, alimentam as larvas, fazem a defesa da colônia e coletam pólen e néctar. Sua função muda conforme a idade, as mais jovens cuidam das tarefas internas e, com o tempo, se tornam forrageadoras.


Zangões: são os machos do ninho, produzidos apenas em determinadas épocas (dependendo da espécie). Sua função é uma só: fecundar rainhas virgens. Após o acasalamento, morrem logo em seguida. Nas espécies sem ferrão, os zangões vivem na colônia, mas podem ser “expulsos” em tempos de escassez.

Foto: “Abelha marrom e preta no têxtil branco” por @citychurchchristchurch, disponível em: Abelha marrom e preta no têxtil branco foto – Imagem grátis sobre Abelhas na Unsplash
Foto: “Abelha marrom e preta no têxtil branco” por @citychurchchristchurch, disponível em: Abelha marrom e preta no têxtil branco foto – Imagem grátis sobre Abelhas na Unsplash

Curiosidade: as abelhas também têm “eleições”!

Em algumas espécies do gênero Melipona, como a Uruçu-nordestina (Melipona scutellaris), a escolha de uma nova rainha pode parecer uma disputa política. Várias larvas são criadas em células de cria reais, mas apenas uma será aceita pelo grupo, as outras são eliminadas (ou permanecem no ninho como “princesas”). E sabe o mais curioso? A larva que se torna rainha é a que recebe maior quantidade de alimento especial: a “geleia real” (as abelhas sem ferrão também produzem!).


Nem toda abelha vive em sociedade!

Das mais de 20 mil espécies de abelhas conhecidas no mundo, a maior parte é solitária. Nesses casos, cada fêmea constrói seu próprio ninho, deposita os ovos com uma reserva de alimento e vai embora, não há rainhas, operárias e zangões com funções definidas.


Essas abelhas solitárias também são fundamentais para a polinização e conservação de várias espécies de plantas, e muitas vezes passam despercebidas por serem pequenas e discretas, como as do gênero Centris e Megachile. Mas há também representantes maiores e bem conhecidas do público, como as Mamangavas do gênero Xylocopa, que são peludas, robustas e fazem um zumbido característico. Algumas espécies de Xylocopa até apresentam comportamento semi social, mas a maioria não mantém colônias organizadas como as abelhas eussociais.


Foto: “Um close-up de uma abelha em uma flor” por @tazvoll, disponível em: Um close up de uma abelha em uma flor foto – Imagem grátis sobre Abelhão na Unsplash
Foto: “Um close-up de uma abelha em uma flor” por @tazvoll, disponível em: Um close up de uma abelha em uma flor foto – Imagem grátis sobre Abelhão na Unsplash

Qual a importância disso?

Entender a organização social das abelhas é essencial para a conservação desses polinizadores tão importantes. Sem elas, muitos ecossistemas (e até a nossa agricultura) estariam em risco. Preservar áreas naturais, evitar o uso indiscriminado de agrotóxicos e promover a educação ambiental são passos fundamentais para proteger esses insetos incríveis.

Foto: “Abelha amarela voando ao lado da flor” por @davidclode, disponível em: Abelha amarela voando ao lado da flor foto – Imagem grátis sobre Flor na Unsplash
Foto: “Abelha amarela voando ao lado da flor” por @davidclode, disponível em: Abelha amarela voando ao lado da flor foto – Imagem grátis sobre Flor na Unsplash





Referências para a construção do texto:


ALMEIDA, J. F. et al. (2020). Biologia e ecologia de abelhas. Embrapa Meio-Norte.

ZUCCHI, R.; SAKAGAMI, S. F. (1972). Social organization in stingless bees. In: Journal of the Faculty of Science, Hokkaido University.


KERR, W. E. (1996). Abelhas Brasileiras: Biologia e Criação. Fundação Cargill.


CRANE, E. (1990). Bees and Beekeeping: Science, Practice and World Resources. Cornell University Press.


Bee diversity and ecosystem services, Ollerton et al., 2019, Current Opinion in Insect Science.





Autor: Maycon Reis, graduando em Ciências Biológicas - Licenciatura pela UFU, amante da arte, biologia, educação e abelhas.



 
 
 

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