O Cerrado faz parte dos principais biomas do Brasil, atingindo cerca de 25% do território nacional. Ele perpassa pelos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia, Piauí, São Paulo e Paraná. Além disso, abriga uma biodiversidade enorme, tendo aproximadamente 6000 espécies de árvores e 800 espécies de aves. Ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos hotspots mundiais, ou seja, um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo (MMA, 2002).
Figura 1. Distribuição do Cerrado

Segundo a International Conservation (IC), o Cerrado já figura na relação dos 17 ecossistemas mais degradados do planeta (hot spots), precisando urgentemente de medidas que compatibilizem o desenvolvimento com a manutenção da sua biodiversidade. Cerca de 80% do Cerrado já foi modificado pelo homem, e somente 19% delas correspondem a áreas-fragmento nas quais a vegetação original ainda se encontra em bom estado.
Figura 2. Área desmatada por estado (Considerando o novo limite do bioma Cerrado).

Com toda essa biodiversidade o Cerrado possui muito potencial para diversas plantas, incluindo as plantas medicinais. No Brasil, o uso de ervas medicinais originou-se dos saberes indígenas, esse conhecimento foi adquirido e passado de geração para geração e posteriormente ensinado aos colonizadores.
A manipulação dessas plantas pode acontecer de diversas maneiras, por exemplo, cataplasma, chá por infusão, chá por cozimento, chá por maceração, inalação e xaropes. Deve ser levado em consideração que dependendo da espécie e do problema a ser tratado podem ser utilizados as folhas, raízes, flores e caule.
O uso dessas plantas faz parte da cultura popular de cada estado e região, sendo um saber singular. Sendo assim, aprendemos a importância de preservar cada vez mais o que a terra tem a nos oferecer, sendo possível encontrar inúmeros remédios na vegetação tortuosa do Cerrado.
O Brasil apresenta uma grande diversidade cultural, logo as plantas medicinais normalmente usadas em uma região de Cerrado podem ser totalmente diferentes da usada em outras.
Algumas espécies utilizadas na região nordeste são:
Hancornia speciosa (Mangaba), suas raízes e folhas ajudam no tratamento de cólicas intensas, hipertensão e também alguns tipos de luxações;
Eugenia dysenterica (Cagaita), a folha e a flor podem ajudar as pessoas que possuem problemas cardíacos;
Bowdichia virgilioides (Sucupira), sua semente pode auxiliar em infecções diversas e amigdalites.
Mangaba

Cagaita

Sucupira

Algumas espécies utilizadas na região centro-oeste são:
Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne (Jatobá), servindo como depurativo, anti inflamatório, estimulante de apetite e fortificante rico em ferro;
Magonia pubescens A. St.-Hil.(Tingui), pode ser transformado em sabão auxiliando no tratamento de dermatites, seborréia, inseticida e mata piolho;
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Barbatimão), pode ser um poderoso antisséptico, adstringente e anti inflamatório.
Jatobá

Tingui

Barbatimão

Algumas espécies utilizadas na região sudeste são:
Anacardium Humile (Cajuzinho-do-Cerrado), utilizado no tratamento de inflamações, tosse, gripe, diabetes e dores no geral;
Passiflora edulis (Maracujá-do-Cerrado), recomendado no tratamento de pressão alta;
Caryocar brasiliense (Pequi), auxilia no tratamento da gripe.
Lychnophora ericoides Mart. (Arnica-do-Cerrado), utilizada para tratamento de contusões, aliviar inchaço e dores nas pernas, como repelente e anti-inflamatório.
Cajuzinho do Cerrado

Maracujá do Cerrado

Pequi

Arnica do Cerrado

Vale ressaltar, que atualmente muitos estudos bioquímicos estão sendo feitos a fim de confirmar a eficácia das propriedades medicinais dessas espécies. Sendo assim, antes do uso de qualquer recurso medicinal dessas espécies busque se informar!
O uso medicinal dessas espécies, auxilia também como argumento para proteção desse bioma constantemente ameaçado por ações antrópicas.
E aí, já tinha ouvido falar em alguma dessas espécies?
REFERÊNCIAS:
Disponível em: <https://www.scielo.br/j/abb/a/3rz398SBpqjMsf8ppFvPHxM/#ModalTablet1>
Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbpm/a/M3vdqj5rwyCZGLhwcGsKfsb/?lang=pt&format=html#ModalTablea09tab04>
Disponível em: <https://www.aplantadavez.com.br/2017/07/arnica-do-cerrado-lychnophora-ericoides.html>

Sobre a autora: Milena Laura Soares, graduanda em Ciências Biológicas / Licenciatura - UFU, ama a botânica e a militância ambiental.
Contato: milenalaura.minasbio@gmail.com
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