Interação formiga-planta-borboleta: uma complexa relação
- minasbioconsultoria
- há 3 dias
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Na Europa existe uma triade de uma relação ecológica bastante intrigante. Essa interação inclui a planta Origanum vulgare, o famoso orégano, formigas do gênero Myrmica e a borboleta Maculinea arion, conhecida como grande borboleta azul. Esse caso é um exemplo das estratégias de defesa, que as plantas desenvolvem e como parasitas sociais podem explorar seus hospedeiros.
Tudo começa quando o orégano libera uma substância chamada carvacrol (um composto orgânico volátil), que afugenta insetos herbívoros. Contudo as formigas Myrmica são resistentes a esse composto e se aproveitando do ambiente longe de competidores constroem seus ninhos no solo ao redor das raízes do orégano. Porém a presença dessas formigas desencadeia uma resposta defensiva mais intensa da planta, que passa a produzir maiores quantidades de carvacrol.
Curiosamente, a borboleta Maculinea arion se aproveita dessa situação. As fêmeas adultas são atraídas pelo carvacrol, que é emitido em maior quantidade pelas plantas associadas a colônias de Myrmica, e depositam seus ovos sobre os botões florais do orégano. Após a eclosão, as pequenas lagartas alimentam-se das flores por um certo período, são adotadas pelas operárias das formigas, que as confundem com suas próprias larvas.

Essa adoção só é possível porque as larvas de M. arion emitem sinais químicos que imitam os das crias da formiga. Uma vez dentro do formigueiro, a larva se torna um parasita social, sendo alimentada e protegida pelas formigas enquanto consome ovos trôficos da colônia, acumulando mais de 98% de sua biomassa nesse estágio. Ao final do ciclo, a presença da lagarta pode levar à destruição da colônia.
Assim, o orégano, ao ativar seus mecanismos de defesa contra as formigas, libera um composto que, serve como pista para que a borboleta localize não apenas sua planta hospedeira, mas também a colônia ideal de formigas para que sua larva complete o desenvolvimento. A formiga, por sua vez, se beneficia temporariamente do ambiente livre de competidores, mas tem um custo ecológico caso abrigue a larva da borboleta. Portanto, se trata de uma interação trófica e química entre planta, formiga e borboleta que exemplifica como defesas vegetais podem ser exploradas por organismos parasitas, revelando a complexidade e a interdependência das relações ecológicas.

Referências bibliográficas:

Sobre o autor: Kaio Bandeira Rocha, graduando em Ciências Biológicas / Licenciatura - UFU, gosta de ler, escrever e ver coisas da cultura pop, apaixonado pela arte e pela biologia.
Contato: kaiominasbio@gmail.com
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