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Identificação Florística

A Botânica é um ramo da Biologia que se dedica ao estudo dos seres vivos pertencentes ao Reino Plantae (grupo taxonômico das plantas) que apresentam formas mais simples e diminutas sem raízes, caule e folhas verdadeiras (como no grupo das briófitas, por exemplo), até os indivíduos mais complexos e de grandes proporções, com estruturas reprodutivas chamadas de flores que dão origem aos frutos (como no caso do grupo das Angiospermas, por exemplo).


Assim como os animais, as plantas também são um grupo diverso com cerca de 260 mil espécies das mais variadas formas e para diferenciar cada espécie e situá-la no seu grupo corretamentem, é feito um trabalho de identificação florística.


Fonte: Guia do Estudante.

  • Identificação Florística: O que é?


A identificação florística consiste em identificar, com a maior precisão possível, a planta em questão podendo alcançar o nível taxonômico de família, ou até mesmo dizer exatamente qual a espécie daquele exemplar, de acordo com o objetivo da pesquisa que será feita com aquela planta.


Fonte: Google Imagens.

  • Por que a identificação Florística é importante?


Com o avanço nos estudos em botânica juntamente aos conhecimento populares sobre várias espécies, propriedades interessantes para o uso humano foram descobertas, como o uso medicinal e também a toxicidade de algumas espécies que podem ser letais.


Para a Botânica Sistemática, é extremamente importante que uma identificação correta e detalhada seja feita, visando o objetivo de montar um histórico evolutivo do reino Plantae que mais se aproxime do que de fato aconteceu no decorrer dos anos de vida desse grupo na Terra, montando o que podemos chamar de um “quebra-cabeça” evolutivo ao associar e comparar espécies de acordo com suas características morfológicas, fisiológicas e genéticas.


  • Como é feita a identificação florística?


Antes de explicar o passo a passo, é necessário esclarecer que a identificação tem como objetivo determinar um táxon como sendo idêntico ou semelhante a outro já existente, comparando com materiais de herbários devidamente identificados, chaves dicotômicas de identificação e literatura específica. Neste processo podem ser descobertos táxons novos que devem ser descritos de acordo com as normas do Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB).


Fonte: Mata Nativa.

1. A coleta:


Pode-se dizer que o processo se inicia, geralmente, com a coleta de exemplares em campo. Para isso, é planejada a ida a campo em determinadas estações previamente definidas de acordo com os ciclos de floração das plantas, sabendo-se que as flores são muito importantes para a identificação, assim como os frutos. São utilizados materiais para corte como podão, tesoura de poda, facas, facões e canivetes para retirada de ramos inteiros que permitam a identificação.


Fonte: Serviço Florestal Brasileiro.

2. Acondicionamento em campo:


Para manter as amostras o mais íntegras possível, é preciso fazer o acondicionamento correto para cada amostra, dependendo da espécie da planta e de qual parte foi retirada. Geralmente, são utilizadas folhas de jornal, papelão, cordas, fios de náilon ou barbante e prensas de madeira, para armazenar ramos com as folhas, flores e frutos (quando possível). Em alguns casos, quando os frutos são mais robustos são utilizados frascos de vidro com álcool 70% onde os frutos são conservados.


Com as amostras armazenadas da forma mais correta, é preciso fazer a identificação dos exemplares com etiquetas com a numeração definida para aquelas amostras. Uma ficha de campo também deve ser utilizada contendo informações sobre quem e onde coletou, incluindo características do local de coleta e características do material coletado como, por exemplo, tipo de fruto, disposição das folhas, tipo de casca, forma de vida (se é uma árvore, arbusto, liana ou erva), se contém espinhos ou acúleos, entre outras características florísticas que irão auxiliar na identificação posteriormente.


*Observação: essas são técnicas generalizadas para grupos de plantas de maior porte e com estruturas mais complexas. Para plantas mais simples, são utilizadas técnicas mais específicas de acordo com o material coletado.


Fonte: Idesam.org.

3. Secagem e Herbarização:


Nesta etapa as amostras vão ser preparadas para armazenamento em herbário. Os herbários são coleções de plantas ou partes delas que foram coletadas e desidratadas para serem usadas como modelo para comparação de plantas coletadas em pesquisas posteriores.


Para a secagem, um dos lados da prensa de madeira é posicionado em uma superfície lisa. Uma folha de papelão é colocada sobre a prensa e depois a amostra é acomodada entre duas folhas de jornal, que serão recobertas por outra folha de papelão e o outro lado da prensa de madeira. Tudo é muito bem amarrado com um elástico, barbante ou náilon.


O material prensado é levado a estufa, com temperatura de aproximadamente 45ºC para a secagem. Caso não seja possível realizar esse procedimento, é recomendado borrifar álcool 70% e armazenar em sacos de papel. Para manter a preservação, é necessária uma checagem semanal para borrifar álcool novamente.


Com a prensagem e secagem finalizadas, é hora de armazenar no herbário. Primeiro são montadas as exsicatas onde o material seco é fixado em cartolina, geralmente branca, com auxílio de fita adesiva ou linha de costura. Na exsicata, é necessário conter uma etiqueta com as informações importantes que identificam o exemplar no lado inferior direito e, do outro lado, o número da amostra ( de 1 ao infinito). As exsicatas montadas são registradas em caderno ou livro. Depois de armazenadas, as exsicatas devem ser conservadas e tratadas.


Recomenda-se levar ao freezer por sete dias e, depois de armazenadas, é importante mantê-las em temperaturas entre 18 e 23ºC, com a umidade do ar entre 40 e 60%. Uma dica importante é não manusear material fresco no mesmo local do material seco, para evitar a contaminação das exsicatas.


Fonte: Herbário São Leopoldo.

Os estudos em botânica são extremamente importantes para compreendermos o funcionamento de ecossistemas e biomas que ocupam e dão vida ao nosso planeta. Contudo, ainda são um tanto quanto negligenciados, principalmente nas escolas, gerando uma certa indiferença em relação a esses seres tão diversos e importantes que poderiam ser melhor aproveitados por nós e melhor preservados.


A identificação florística se monstra uma etapa indispensável e, de certa forma, muito interessante, que pode ser desenvolvida de forma simples em instituições de ensino público e privado, uma vez que exige um contato direto com o campo e as amostras, tornando a prática muito participativa e envolvente.


As plantas, assim como todos os seres vivos, podem ser muito fascinantes com todas as suas formas, cores, interações e possíveis utilidades e saber identificá-las potencializa todas as suas capacidades.


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REFERÊNCIAS:



WIGGERS, Ivonei & STANGE, Carlos. Dia a Dia Educação, Manual de instruções para coleta, identificação e herborização de material botânico, 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/733-2.pdf>. Acesso em: 17 de abril de 2022.


Flora Júnior. Qual a importância do Levantamento Florístico para o Inventário Florestal?, 2020. Disponível em: <https://www.florajunior.com/post/qual-a-import%C3%A2ncia-do-levantamento-flor%C3%ADstico-para-o-invent%C3%A1rio-florestal>. Acesso em: 17 de abril de 2022.


SIMÕES, Marcelo. Mata Nativa, Dicas para coleta e identificação de espécies botânicas no Inventário Florestal, 2017. Disponível em: <https://www.matanativa.com.br/coleta-e-identificacao-de-especies-botanicas/>. Acesso em: 17 de abril de 2022.




 

Sobre o autor: Vinícius Alves Nogueira - Graduando em Ciências Biológicas/Licenciatura na UFU, fascinado por ensino-aprendizagem, ecologia e zoologia. Às vezes gosto das plantinhas também.

Contato: viniciusalves.minasbio@gmail.com.


 

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