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Escorpiões: Por que estão cada vez mais frequentes no ambiente urbano?

Atualizado: 2 de mai. de 2022


  • Quem são e onde vivem?


Os escorpiões, lacrau ou alacrau são animais invertebrados do filo Arthropoda (arthrós: articulação; pódos: patas ou pés), da classe Arachnida (arachne = aranha, visto que foram os primeiros animais a serem descobertos. Deram, então, o nome para a classe), que habitam nosso planeta há mais de 400 milhões de anos.


Esses temidos animais conseguiram se adaptar muito bem às mudanças que ocorreram na Terra, e perduram até os dias de hoje, desde locais desérticos até locais de florestas tropicais e subtropicais. No entanto, esses animais também se adaptaram muito bem às exigências do ambiente antropizado, devido o aumento das cidades e, consequentemente, aumento de residências próximas às matas, aumento dos lixões urbanos, lixos domiciliares e também de presas para esses animais.


Fonte: Instituto Butantan.
  • Do que se alimentam?

Esses aracnídeos possuem uma dieta baseada em outros artrópodes, em especial as baratas. Por conseguinte, os escorpiões são ótimos animais para o controle biológico de baratas, que são pragas urbanas que afligem não só as residências, mas também lixões, hospitais, restaurantes e indústrias, e são também animais propagadores de doenças.



Fonte: YouTube

Com um número exacerbado de baratas no ambiente urbano, os escorpiões seguiram o mesmo ritmo e se reproduziram desenfreadamente, visto que no ambiente urbano são poucos os animais que conseguem fazer esse controle biológico.


São capazes de se esconder em diversos locais diferentes, tanto embaixo de pedras, dentro de tijolos e frestas, quanto dentro de sapatos, guarda-roupas e outros locais domiciliares com grandes e fáceis acessos. Ultimamente, estão invadindo residências através de encanamentos.


  • Quais as consequências desse aumento?

Além da preocupação com as baratas, ratos e outros animais, os escorpiões também ingressaram o time de pragas urbanas, com um adendo: são animais que na extremidade final da cauda, possuem um aguilhão, que nada mais é que o ferrão por onde sua toxina é liberada durante a picada.


Fonte: Ric Mais.

O veneno desse animal possui uma toxina chamada de CPP-Ts, que causa uma contração das células do músculo cardíaco, aumentando a sua frequência. Em raros casos, pode acarretar em arritmias e parada cardíaca. Outros sintomas como enjoo e vômitos, tontura, dor de cabeça e espasmos musculares, suor e palidez são muito comuns.

Em casos de picadas em crianças e idosos, os cuidados precisam ser redobrados, pois a toxina se espalha mais rapidamente no organismo. Vale ressaltar que esses animais só picam caso se sintam ameaçados, visto que, naturalmente, o animal irá se defender. Há a soroterapia, que é o tratamento com soro antiescorpiônico, que é produzido a partir do plasma de equinos (cavalos) hiper imunizados, com veneno de escorpiões da espécie Tityus serrulatus.


Fonte: Tua Saúde.
  • Como se reproduzem?

Boa parte dos escorpiões se reproduzem de forma sexuada. No entanto, por exemplo, para a espécie Tityus serrulatus, conhecido popularmente como escorpião-amarelo, presente em praticamente todos os biomas brasileiros e o maior causador de acidentes domésticos com escorpiões, conseguem se reproduzir por partenogênese, que nada mais é que uma das várias formas de reprodução assexuada.


Sendo assim, os óvulos se desenvolvem diretamente em embriões por estímulo hormonal. Nesse caso, não há a necessidade de machos na espécie para a cópula e fecundação de ovócitos. Cada fêmea consegue parir até 20 filhotes, que levam até 10 meses para atingir a fase adulta e reprodutiva.


Fonte: Prefeitura de Itapetinga.

  • Como evitar os escorpiões em domicílio?

Agora que já abordamos todos os fatores que facilitam na evolução e propagação desses animais no ambiente antrópico, precisamos entender também que seu controle biológico é complexo.


Não há um veneno eficiente para o combate de escorpiões. Sendo assim, é mais eficiente utilizar venenos que combatam suas fontes de alimentos como as baratas, formigas, grilos e outros artrópodes.


Evitar o acúmulo de lixos doméstico e entulhos em quintais, não deixar restos de alimentos em pias e outros lugares, rebocar muros com tijolos quebrados, tampar frestas de portas e os ralos são medidas profiláticas que ajudam a diminuir a ocorrência desses animais em casa.


Algumas pessoas também investem no uso de animais como galinhas e angolas. No entanto, estes animais são de ambientes diurnos, e os escorpiões são mais ativos no período noturno, ou seja, o controle não será muito eficiente. Os gambás são animais noturnos e que conseguem fazer um controle mais eficiente contra escorpiões, o que faz com que esses animais se asegurem com sua preservação na natureza.


Fonte: Segredos do Mundo.
  • Quais as espécies de maior ocorrência no Brasil?


No Brasil, há cerca de 180 espécies diferentes de escorpiões. Contudo, 4 destas são de importância médica. São elas: Tityus serrulatus – escorpião amarelo, Tityus stigmurus escorpião do nordeste, Tityus obscurus escorpião preto e Tityus bahiensis escorpião marrom.


Todos esses apresentam um certo nível de periculosidade para os animais domésticos e humanos, sendo recomendado, em caso de acidentes, o tratamento com soroterapia e capturar o animal para facilitar o reconhecimento e tratamento farmacológico.



Tityus serrulatus – escorpião amarelo.
Tityus stigmurus – escorpião do nordeste.












Tityus bahiensis – escorpião marrom.
Tityus obscurus – escorpião preto.











"Todas as imagens pertencem ao Manual de controle de escorpiões".


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REFERÊNCIAS


BASSETE, Fernanda. Infestação de escorpiões desespera famílias no interior de SP e Ministério da Saúde cria ‘força-tarefa‘. BBC News, 17 dez. 2018. Disponível em: <https://bbc.in/3ATrmPp>. Acesso em: 31 jan. 2022.


Equipe Oncoguia. Veneno do escorpião é utilizado para combater células com câncer. Oncoguia, 22 jan. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/32P8tka>. Acesso em: 31 jan. 2022.

Escorpião é Praga Urbana? Como Controlar?. Detecta, © 2021. Disponível em: <https://detecta.com.br/escorpiao-e-praga-urbana-como-controlar/>. Acesso em: 31 jan. 2022.


Instituto Butantan. Picada de escorpião: sintomas e o que fazer: Escorpiões: quem são essas formas de vida que há 450 milhões de anos habitam a Terra?. Instituto Butantan, 27 set. 2021. Disponível em: <https://butantan.gov.br/noticias/escorpioes-quem-sao-essas-formas-de-vida-que-ha-450-milhoes-de-anos-habitam-a-terra>. Acesso em: 31 jan. 2022.


REIS, Manuel. Picada de escorpião: sintomas e o que fazer. Tua Saúde, jan. 2019. Disponível em: <https://www.tuasaude.com/primeiros-socorros-para-picada-de-escorpiao/>. Acesso em: 31 jan. 2022.


SUCEN. O escorpião. Secretaria De Estado da Saúde SP, [2010 e 2021]. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/sucen-superintendencia-de-controle-de-endemias/programas/animais-incomodos-e-peconhentos/o-escorpiao>. Acesso em: 31 jan. 2022.



 

Sobre o autor: Millena Maria Gervásio de Araújo. Graduanda em Ciências Biológicas / Licenciatura - UFU. Apaixonada por jogos, animes e animais. Ama aves e répteis.


 

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