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Aumento do desmatamento durante a pandemia

Os impactos do isolamento provocado pela Covid-19 não aconteceu somente quando as atividades classificadas como não essenciais foram total ou parcialmente paralisadas nas cidades, o desmatamento de florestas tropicais foi acelerado na Amazônia e em outras regiões do mundo. Vem entender um pouco sobre o assunto!


Fonte: Christian Braga/Greenpeace/Arquivo.

Área desmatada no limite da Terra Indígena Karipuna, na Amazônia registrada em sobrevoo em setembro de 2020.


  • O que é o desmatamento?


O desmatamento pode ser entendido como um processo de degradação ambiental que consiste na perda ou na retirada da cobertura florestal para extração da madeira, expansão da área agrícola, pecuária, assim como para a construção de usinas hidrelétricas, atividades de mineração e desenvolvimento urbano. Associado ao desmatamento, é muito comum ocorrer a queima do material vegetal após a derrubada da vegetação, gerando efeitos ainda mais danosos para o meio ambiente.


Dentre os efeitos causados por esse desflorestamento e queima do material vegetal, podemos citar a destruição de milhares de habitats, ocasionando uma perda muito grande da biodiversidade e comprometendo a provisão dos serviços ecossistêmicos, as mudanças climáticas que geram o aumento da temperatura e causam um desequilíbrio no regime de pluviosidade, aumento das concentrações de CO2 e de outros gases que fazem parte do ciclo hidrológico.


Fonte: Christian Braga/Greenpeace/Arquivo.

Queimada em área recém desmatada detectada pelo Deter, no município de Porto Velho (RO).



  • Como o desmatamento se intensificou durante a pandemia?


Fonte: Kamikia Kisedje/WWF-Brasil

Desmatamento na Amazônia Legal, Estado do Mato Grosso, imagem de 2021.


A floresta Amazônica é considera a maior floresta tropical do mundo, ocupando aproximadamente uma área de 6,3 milhões de Km², sendo distribuída entre o Brasil, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Bolívia e Guianas. No Brasil, a floresta abrange cerca de 5,5 milhões de Km², englobando nove estados correspondentes a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins além de partes dos estados do Mato Grosso e Maranhão.


De acordo com dados divulgados pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o Brasil alcançou em 2004 um dos maiores níveis de desmatamento na Amazônia, com 27.772 mil km². No entanto, através da aplicação de políticas públicas entre 2004-2018 houve uma diminuição das taxas de desmatamento na Amazônia Legal de 72%. Porém, essas taxas não se concretizaram ao longo do período de 2018 a 2019, onde pelo contrário, vimos um crescimento de 34% do desmatamento. Isso se deu principalmente pela troca do poder federal, ou seja, pelo advento do bolsonarismo parasitando em todos órgãos públicos, com o constante desmonte das políticas ambientais, por uma retórica de desinformação, ataque a outras instituições de preservação ambiental. Uma das explicações do porquê o desmatamento cresceu tanto, pode ser atrelada com a percepção de impunidade por grileiros de terras, garimpeiros e madeireiros ilegais, vindo diretamente do discurso bolsonarista de "passar a boiada" e de questionar e atacar qualquer instituição de preservação ambiental e animal.


Essa degradação continuou sendo ampliada durante a pandemia de Covid-19, onde o Governo Federal continuou com seu projeto de sucateamento dos órgãos ambientais. Isso se deu por diversos fatores, sendo um deles a visibilidade que as políticas públicas (ou melhor, a falta delas) para o combate a pandemia. Em consequência, a questão ambiental passou de certa forma “invisibilizada” pelos veículos midiáticos de massa, o que fez com que projetos de desmantelamento das políticas anteriores de proteção ambiental fossem passadas adiante. Somando a isso, vemos a própria negligencia (essa consciente), do governo federal em responder essas questões ambientais, isso se torna claro quando relembramos da demora que o líder do poder executivo teve em responder aos incêndios da Amazônia, onde o vimos até culpar ONGs pelo mesmo.


Nesse sentido, percebemos que desde que o início do governo percebemos um aumento exorbitante do desmatamento, especialmente nesses dois últimos anos, de 2020 a 2021. Por exemplo, entre os períodos de primeiro de agosto de 2020 a trinta e um de julho de 2021, o INPE identificou que a taxa de desmatamento da Amazonia Legal foi de 13.235, que representa um aumento de 21,97%.


Fonte: Prodes.

Taxa anual de desmatamento desde 1988 na ALB e em preto a estimativa para 2021.


  • Como o desmatamento pode desencadear novas pandemias?


Fonte: Getty Images.

Os impactos já citados anteriormente pelo desmatamento e pela queima do material vegetal, afetam diretamente a saúde humana, no entanto, além dessas consequências, essa degradação pode contribuir também para o surgimento de novas doenças infecciosas. Isso ocorre pois, através da transformação desses ambientes e a destruição da biodiversidade, ocorre uma diminuição da variedade de espécies locais e consequentemente um aumento da população de indivíduos que podem ser hospedeiros de doenças. Dessa forma, por conta do consequente aumento da população de indivíduos hospedeiros, o ser humano fica cada vez mais propenso a estrar em contato com eles. Além disso, a densidade populacional, possui grande influência nesse fator, aumentando as chances dessas doenças infecciosas disseminarem rapidamente.

De acordo com um estudo realizado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) entre 2004 e 2012 em 773 municípios da Amazônia Legal, foi possível observar que o impacto do desmatamento em doenças de notificação compulsória possui efeitos significativos sobre a leishmaniose e malária.


A partir dos dados levantados, notou-se que um incremento de 1% na área desmatada de um município leva a um aumento de 23% nos casos de malária e de 8% a 9% nos casos de leishmaniose.

O vídeo abaixo, postado através do canal Pesquisa Fapesp no Youtube, mostra como o desmatamento pode desencadear o surgimento de novos vírus: Link para assistir o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=nodoQt9DsHI. Fonte: Pesquisa Fapesp.


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Referências:


ARRES, R. A.; MARIANO, F. Z.; SIMONASSI, A. G. Causas do desmatamento no Brasil e seu ordenamento no contexto mundial. Revista de Economia e Sociedade Rural. v. 50, n, 1.

GREENPEACE. Pandemia, desmatamento e genocídio no Dia das Florestas de 2021. Disponível em: <https://www.greenpeace.org/brasil/blog/pandemia-desmatamento-e-genocidio-no-dia-das-florestas-de-2021/>.


INPE. Prodes Amazônia. Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. Disponível em: <http://www.obt.inpe.br/OBT/assuntos/programas/amazonia/prodes>.


IPEA. Impacto do desmatamento sobre a incidência de doenças na Amazônia. Disponível em: < http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/6258/1/td_2142.pdf>.

KULEVICZ, R. A.; OLIVEIRA, O. S. D.; POMPEU, N.; SILVA, B. A. D.; SOUZA, É. C. D. Análise da vulnerabilidade genética das florestas e argumentos para redução do desmatamento. Ambiente & Sociedade, v. 23, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc20170222r2vu2020l1ao>.

MARCOVITCH, Jacques; PINSKY, Vanessa. Bioma Amazônia: atos e fatos. Estudos Avançados, v. 34. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/ea/a/zfDBMZxZSdH4pmWQ3KpgSPk/?lang=pt>.


MOREIRA, Helena Margarido. A importância da Amazônia na definição da posição brasileira no regime internacional de mudanças climáticas. Disponível em: <https://www.fclar.unesp.br/Home/Pesquisa/GruposdePesquisa/NPPA/C.E_Helena_MargaridoMoreiraHelena-LASA.pdf>.


PRATES, Rodolfo Coelho. O desmatamento desigual na Amazônia: sua evolução, suas causas e consequências sobre o bem-estar. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-06082008-162358/publico/rodolfo.pdf>.


SANTOS, T.; FILHO, V.; ROCHA, V.; MENEZES, J. Os impactos do desmatamento e queimadas de origem antrópica sobre o clima da Amazônia brasileira: um estudo de revisão. Revista Geográfica Acadêmica v. 11, n. 2.



 


Sobre a autora: Bruna Matias Scucuglia, graduanda em Ciências Biológicas/Bacharelado-UFU.

Contato: brunascucuglia@gmail.com @bnscucuglia.




 

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