Os cavalos-marinhos são animais bastante interessantes. Apesar do nome, eles são, na verdade, peixes ósseos pertencentes à família Syngnathidae e ao gênero Hippocampus. Sua peculiaridade começa com o formato do corpo, já que eles possuem uma cabeça semelhante a um pequeno cavalo, com um focinho longo e tubular e uma boca sem dentes, além de olhos que se movem independentes um do outro e capacidade de camuflagem, características semelhantes à dos camaleões. Possuem também uma cauda chamada de “cauda preênsil", que utilizam para se agarrar a algas e plantas aquáticas.

Mas, talvez a característica mais interessante destes animais seja a sua forma de reprodução. Tudo começa com os rituais de acasalamento, que geralmente ocorrem na primavera: o macho vai de encontro à fêmea, exibindo-se para ela através da mudança na sua coloração. Quando se encontram, macho e fêmea se agarram através de suas caudas e iniciam uma “dança de acasalamento”, que pode durar por muito tempo.
Os machos possuem a bolsa incubadora, uma estrutura localizada em seu abdômen e que é semelhante à bolsa dos cangurus. Durante essa “dança de acasalamento”, eles realizam a abertura da bolsa, colocando-a na direção do poro genital da fêmea, que é por onde ela libera seus ovos. Estes ovos entram na bolsa incubadora e lá são fertilizados, quando o macho libera seus espermatozóides.

Depois da fertilização, os machos mantêm os ovos dentro da bolsa durante toda a gestação, pois ela propicia um ambiente estável para que os filhotes possam se desenvolver. Estudos mostram que, através de sua bolsa, os pais cavalos-marinhos podem fazer muitas coisas que as mães humanas fazem pelos seus bebês, como proteger os embriões contra infecções, fornecer nutrientes, e até mesmo realizar trocas de oxigênio e gás carbônico.
A gestação pode durar de 9 até 69 dias e, após esse período, quando os filhotes estão prontos para nascer, o cavalo-marinho macho se contorce e contrai os músculos da região da bolsa para “expulsá-los”. Normalmente são liberados de 300 a 1.000 filhotes ou mais, que já nascem como miniaturas dos adultos.

Por que isso acontece?
Existem algumas teorias e estudos que tentam explicar porque ocorre essa “troca de papéis” entre os cavalos-marinhos. A principal teoria diz que a gravidez reversa permite um ciclo reprodutivo mais curto e a geração de mais filhotes. Isso acontece porque, diferente de outras espécies de animais, é o macho que carrega os filhotes e assim, durante o período de gestação, a fêmea gasta energia apenas para produzir novos ovos. Além disso, após a liberação dos filhotes, o macho precisa esperar apenas algumas horas para receber novos ovos da fêmea.
Estudos também mostraram que a gravidez reversa pode estar associada a fatores genéticos. Como exemplo, foram encontrados nos machos vários genes relacionados com o processo de gravidez: genes específicos associados à eclosão dos embriões, genes que permitem que os machos forneçam nutrientes para os filhotes em desenvolvimento, e até mesmo um gene relacionado à preparação para o trabalho de parto.

Mesmo com todas essas características, é importante lembrar que os cavalos-marinhos machos ainda preservam todas as características masculinas, como a produção de espermatozóides e de hormônios específicos do próprio sexo.
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REFERÊNCIAS:
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PEDROSO, Kleber Villaça, CARVALHO, Rafael Nascimento. Cavalo Marinho e “Os machos grávidos”. Museu Nacional UFRJ. 2013. Disponível em: <https://sae.museunacional.ufrj.br/que-bicho-que-deu-2/>. Acesso em: 14 de set. 2022.

Sobre a autora: Vanessa de Sousa Santana. Graduanda em Ciências Biológicas / Bacharelado - UFU.
Contato: vanessasantana.minasbio@gmail.com
Achei muito interessante, veio a calhar nesse momento em minha vida. Me tirou diversas duvidas