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O importante papel dos Zoológicos na Conservação

Atualizado: 12 de set. de 2020


As controvérsias envolvendo zoológicos existem desde a sua criação, e debates a respeito da necessidade de sua existência ressurge de tempos em tempos. Com o sucesso recente da minissérie em formato de documentário da Netflix, “A Máfia dos Tigres” (Tiger King), a chama dessa discussão tomou uma nova vida com fortes argumentos fundamentando ambos os pontos de vista.

Imagem do santuário para grandes felinos de Carole Baskin, retirada da minissérie Tiger King


E afinal de contas, de que lado devem ficar os ambientalistas e protetores dos animais?

Os zoológicos são um resquício cruel de uma mentalidade ultrapassada que tenta transformar a vida selvagem num espetáculo? Ou uma ferramenta de estudo biológico e conservação das espécies?


Como você já pode ter imaginado, a situação não é tão preta e branca assim, a realidade é muito complexa e para entendermos o real papel dos zoológicos temos que olhar para sua história, seus erros e também seus acertos.


Os zoológicos na antiguidade


A humanidade sempre foi fascinada pela natureza e com os animais que convivem conosco, portanto não é de se espantar que as primeiras civilizações já mantinham animais não domesticados em cativeiro, o primeiro zoológico que se tem conhecimento existiu em 3.500 A.C. na cidade de Hierakonpolis no Egito e desde então muitas civilizações também dispuseram de zoológicos em suas cidades.

Hieróglifos documentando a existencia do zoológico na antiga capital egipcia de Hierakonpolis


Coleções zoológicas eram utilizadas como uma demonstração do domínio humano sobre outras espécies, bem como uma demonstração de poder, um bom exemplo desse fato são os documentos que descrevem a maneira como o império romano executava alguns de seus prisioneiros, o chamado damnatio ad bestias, ser devorado vivo por leões.

Os animais, apesar de serem os astros do espetáculo, eram temidos e muito maltratados, as práticas do império romano foram responsáveis por restringirem muito a distribuição original dos leões que hoje apenas são encontrados em poucas reservas na África e é claro, em zoológicos distribuídos pelo mundo.


Os zoológicos na atualidade


Contudo, a maneira como a humanidade percebe e trata os animais mudou muito nos últimos séculos. Com a maior aceitação científica da teoria da evolução, agora vemos outras espécies como nossos parentes, e com um maior entendimento de ecologia, passamos a entender a importância da conservação e da pesquisa biológica para a nossa própria sobrevivência. Consideradas as mudanças em nossa sociedade, os zoológicos assumiram um novo papel, que vai além do entretenimento e das pesquisas, hoje os zoológicos funcionam como uma espécie de banco genético.


Muitos animais estão sofrendo perdas extensas de habitat e uma forte pressão de caça que impossibilita sua vida fora de cativeiro, esse é o caso por exemplo da Ararinha-azul, do Leopardo-do-sinai, do Cervo-do-Padre-Davi e agora também o dos Coalas que foram extintos na natureza no incêndio australiano de Janeiro de 2020.


Você deve estar pensando no quão triste é a existência desses espécimes em cativeiro, no entanto são eles quem garantem a sobrevivência da espécie no longo prazo, os pesquisadores do mundo realizam um extenso trabalho para que esses animais que já se extinguiram na natureza se reproduzam, visando uma reintrodução em seus habitats naturais, como já foi feito no passado com o Mico-leão-dourado por exemplo. Mas também trabalham para que outras espécies não sofram o mesmo destino, oferecendo para a população uma experiência de lazer educativa, que trata de temas relacionados à conservação e educação ambiental.

Técnicas de enriquecimento ambiental sendo utilizadas para melhorar o bem estar de um elefante em cativeiro


A conclusão no contexto brasileiro


E quanto ao contexto que nós brasileiros vivemos? No Brasil, a necessidade dos zoológicos é bem reconhecida por órgãos, como o IBAMA, que realizam a sua fiscalização. Existe no país uma extensa legislação para assegurar o bem estar animal e também que os papéis de conservação e pesquisa estejam sendo cumpridos.

No entanto, sabemos bem que na prática a coisa não funciona tão perfeitamente, basta visitar o zoológico mais próximo para encontrarmos algumas irregularidades, em casos mais extremos os estabelecimentos precisam ser fechados e reformados como já ocorreu com o zoológico Municipal do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, que não possuíam condições de receberem novos animais ou visitantes.


Tendo em vista os muitos problemas que enfrentamos na conservação das espécies, os próximos esforços devem focar sempre o bem estar animal, a manutenção adequada dos zoológicos, a pesquisa e a educação ambiental e para tal possuímos muitas ferramentas a nossa disposição. Cabe a nós garantir que mesmo na selva de pedra, o leão continue sendo o rei, e não somente mais um prisioneiro.




REFERÊNCIAS

Dayly Jstor. Disponível em https://daily.jstor.org/leopards-hippos-cats-oh-worlds-first-zoo/. Acesso em 30 de maio de 2020


Nowell, K.; Jackson, P. (1996). «African lion, Panthera leo(Linnaeus, 1758)». Wild Cats: Status Survey and Conservation Action Plan (PDF). IUCN/SSC Cat Specialist Group. Gland, Switzerland: [s.n.] pp. 17–21.


Shepherdson, D.J. (1998) “Tracing the path of environmental enrichment in zoos” in Shepherdson, D.J., Mellen, J.D. and Hutchins, M. (1998) Second Nature – Environmental Enrichment for Captive Animals, 1st Edition, Smithsonian Institution Press, London, UK, pp. 1 – 12



 

Sobre o autor: · Pedro Henrique Peroni de Almeida, graduando em Ciências Biológicas/Bacharelado - UFU.



 

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