Elefantíase, também conhecida como filariose linfática, é uma doença parasitária crônica causada por vermes nematódeos que são transmitidos pela picada de mosquitos. A infecção acontece quando larvas dos parasitas entram no corpo humano através do sangue, alojando-se no sistema linfático, onde crescem e se desenvolvem. Regiões tropicais e subtropicais com condições sanitárias precárias e alta densidade de mosquitos são as mais afetadas, tornando essa doença um problema de saúde pública em várias partes do mundo, incluindo América do Sul e Central, África e Ásia.
As três principais espécies de vermes responsáveis pela elefantíase são: Brugia malayi, Brugia timori e Wuchereria bancrofti, que é a espécie que acomete o Brasil. Após a infecção, os parasitas interferem no funcionamento do sistema linfático, resultando em um acúmulo de líquido nos tecidos (linfedema), o que provoca inchaço severo, principalmente nas pernas, braços, genitais e mamas. Esse inchaço pode causar deformidades permanentes e incapacitantes, que afetam a qualidade de vida dos pacientes.

Ciclo de Infecção:
O ciclo da Elefantíase começa com a picada de um mosquito do gênero Culex infectado, que liberará as larvas dos vermes na corrente sanguínea humana. Essas larvas migram para o sistema linfático, onde se desenvolvem em vermes adultos. Uma vez adultos, podem viver por vários anos, causando danos progressivos. As fêmeas liberam novas larvas (microfilárias) na corrente sanguínea, que são ingeridas por outros mosquitos ao picarem uma pessoa infectada, completando assim o ciclo.
Fatores como saneamento básico inadequado e a presença de mosquitos vetores são fundamentais para a transmissão da doença. Em comunidades rurais e regiões com grande exposição a mosquitos, o risco e o nível de infecção são muito elevados.
Sintomas e Diagnóstico:
Os sintomas da Elefantíase podem levar anos para se manifestar. Entre os sinais mais comuns estão:
Linfangite e Linfadenite por inflamação nos gânglios linfáticos
Linfedema, causando inchaço
Hidrocele no caso dos homens
Quilúria, deixando a urina com aspecto leitoso
Elefantíase, que seria a evolução do linfedema, podendo acarretar em infecções secundárias, dor e perda da mobilidade

O diagnóstico é mais comumente feito por meio de exames de sangue, onde é possível identificar as microfilárias, podendo ser feitos exames para a detecção de antígenos No entanto, em fases mais avançadas, o exame físico e a avaliação clínica também são essenciais para detectar os danos linfáticos. Vale destacar que nem todo sintoma de elefantíase é causada por uma filariose como aqui descrita, sendo sintomas de outras doenças como a hanseníase e defeitos congênitos.
Impacto na Saúde Pública:
A Elefantíase é uma das principais causas de incapacitação permanente em áreas tropicais, afetando mais de 120 milhões de pessoas globalmente. No Brasil, ela é prevalente principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde o combate aos mosquitos e a melhoria das condições de saneamento são desafios contínuos. A doença está classificada como uma das doenças tropicais negligenciadas, e após a malária, é a parasitose transmitida por vetores mais importante do mundo.
Prevenção e Tratamento:
A prevenção da Elefantíase envolve principalmente o controle dos mosquitos vetores, com o uso de repelentes, mosquiteiros e a melhoria do saneamento básico para reduzir áreas de reprodução desses insetos. Campanhas de desinfestação e educação em saúde também são medidas eficazes. O tratamento da filariose linfática inclui medicamentos antiparasitários que podem interromper a transmissão da doença, como a dietilcarbamazina e a ivermectina, mas a reversão das deformidades causadas pelo inchaço severo muitas vezes requer cuidados médicos prolongados e, em alguns casos, cirurgias, não sendo 100% eficientes e ou satisfatórios. Vale ressaltar que em outros países foi implementada a combinação de dietilcarbamazina com sal de cozinha, semelhante ao que fazemos com o iodo para a prevenção do bócio, e que obtiveram bons resultados, porém tal prática tem sido vetada no Brasil.

O Brasil, assim como muitos outros países, já caminham para a erradicação dessa doença, dependendo do esforço coletivo e contínuo para melhorar as condições de vida nas áreas afetadas, garantindo que as populações em risco tenham acesso a medidas preventivas e tratamentos adequados. Com isso, pode-se reduzir significativamente o impacto social e econômico causado pela elefantíase, promovendo uma vida mais saudável para milhões de pessoas ao redor do mundo.
Referências:
FONTES, Gilberto; DA ROCHA, Eliana Maria Maurício. Parasitologia Humana: Wuchereria bancrofiti - Filariose Linfática. 13. ed. São Paulo: Atheneu, 2016.
Resumo de filariose linfática (elefantíase): diagnóstico, tratamento e mais. Disponível em: https://med.estrategia.com/portal/conteudos-gratis/doencas/resumo-de-filariose-linfatica-elefantiase-diagnostico-tratamento-e-mais/. Acesso em: 04 out.2024

Sobre o autor: Diogo Pagotti Calherani, graduando em Ciências Biológicas / Licenciatura - UFU, é movido pela curiosidade e pelo desejo de aprender.
Contato: diogo.minasbio@gmail.com
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