Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, nasceu em 1944 no seringal de Porto Rico, em Xapuri, próximo à fronteira do Acre com a Bolívia. A vida de Chico foi profundamente marcada por suas raízes, ele cresceu em uma família de seringueiros, cuja subsistência dependia da extração de borracha. Desde jovem, já testemunhava os impactos do desmatamento da Amazônia e como isso afetava negativamente as comunidades e o meio ambiente.
Em 1970, o regime militar implementou uma política de incentivo de ocupação da Amazônia, a qual visava estimular a produção pecuária, substituindo práticas extrativistas e aumentando o desmatamento e a destruição da floresta.
Diante dessa situação, várias famílias dos seringais começaram a se organizar politicamente, criando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Brasileia, liderado por Wilson Pinheiro. Foi nesse contexto que Chico Mendes e outros seringueiros iniciaram a organização dos "empates", uma prática de resistência que consistia em formar barreiras humanas e confiscar motosserras para impedir o desmatamento de áreas específicas.
Essas ações de resistência dos seringueiros foram fundamentais, não apenas para proteger a floresta, mas também para chamar atenção para a importância da preservação ambiental. Os seringueiros tinham um papel vital na conservação da Amazônia, já que a extração de borracha para subsistência causava um impacto mínimo, evitando a derrubada de árvores. Além disso, os benefícios dessa abordagem sustentável superavam os impactos negativos.
Sabendo da importância política dos seringueiros para preservação e após a morte de Wilson Pinheiro, assassinado por jagunços a mando de fazendeiros em 1980, Chico Mendes assume a liderança dos movimentos ativistas da região, ajudando a criar o Partido dos Trabalhadores no Acre, assumindo a direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Em 1985 organizou o primeiro Encontro Nacional dos Seringueiros, o qual resultou na criação da Aliança dos Povos da Floresta, um movimento que unia seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco e populações ribeirinhas, que juntos criaram a proposta de reforma agrária direcionada para reservas extrativistas.
O Encontro Nacional dos Seringueiros foi filmado pelo cineasta Adrian Cowell, que também acompanhou a vida de Chico, resultando no documentário “Eu Quero Viver”. Essa obra cinematográfica tornou o líder ambientalista internacionalmente conhecido, recebeu vários prêmios, entre eles o Global 500 oferecido pela ONU por sua luta em defesa do meio ambiente.
Quanto mais notoriedade ganhava a resistência dos seringueiros, maior era o descontentamento dos ruralistas. Chico Mendes sofreu diversas ameaças durante sua trajetória, até que em 22 de dezembro de 1988 o ambientalista foi assassinado nos fundos de sua própria casa. Sua morte teve grande repercussão na mídia e pressão popular, o que intensificou as investigações e condenou os responsáveis pelo assassinato.
Chico Mendes se tornou um símbolo da luta ambientalista: dois anos após sua morte, foram criadas as primeiras reservas extrativistas, incluindo uma que leva seu nome, perpetuando sua determinação em unir a preservação do meio ambiente com a justiça social. Em 2007, o Ministério do Meio Ambiente fundou, em sua homenagem, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente responsável pela administração das Unidades de Conservação (UCs) federais.
Até os dias atuais, suas ideias permanecem relevantes, sendo uma de suas frases mais célebres a seguinte: "Ecologia sem luta de classes é jardinagem."
REFERÊNCIAS:
História em Meia Hora: Chico Mendes. Locução: Vitor Soares. 2021. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/6agtUSCe0QfPViHvCDWTbj?si=l9zslsZ8Rq-Yec6YCRDItQ&context=spotify%3Aepisode%3A6agtUSCe0QfPViHvCDWTbj
Acesso em: 10 set.2023
Francisco Alves Mendes Filho. A LUTA DOS SERINGUEIROS EM DEFESA DA AMAZÔNIA. Instituto socioambiental, s/d. Disponível em: https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/04D00088.pdf
Acesso em : 10 set.2023.
MARASCIULO, Marília. Quem foi Chico Mendes e qual seu legado para a proteção da Amazônia. Galileu, 2020. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2020/12/quem-foi-chico-mendes-e-qual-o-seu-legado-para-protecao-da-amazonia.html
Acesso em : 10 set. 2023.
Chico Mendes: Conheça a história do maior líder ambientalista do Brasil. WWF, 2021. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?81068/Chico-Mendes-Conheca-a-historia-do-maior-líder-ambientalista-do-Brasil
Acesso em: 10 set. 2023.
Chico Mendes. Memorial Chico Mendes, s/d. Disponível em: http://www.memorialchicomendes.org/chico-mendes/
Acesso em: 10 set. 2023.
Chico Mendes, O líder seringueiro que virou símbolo de preservação da Amazônia. Agenda Bonifacio, S/D. Disponível em: https://agendabonifacio.com.br/outros-herois/o-lider-seringueiro-que-virou-simbolo-de-preservacao-da-amazonia/#:~:text=Sua%20atua%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica%20foi%20decisiva,em%20meio%20a%20uma%20grande
Acesso em : 1o set. 2023.
Sobre a autora: Jordanny Luiza Sousa Santos. Graduanda em Ciências Biológicas/Bacharelado - UFU. Apaixonada pela biologia e todas as formas de vida.
Contato: jordanny.minasbio@gmail.com
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