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Bioacústica: A Ciência dos Sons Naturais

  • Foto do escritor: minasbioconsultoria
    minasbioconsultoria
  • 21 de mai.
  • 3 min de leitura

Bioacústica é o campo que estuda como os seres vivos produzem, transmitem e captam sons em seus ambientes naturais. Sua história começa no início do século XX, quando pioneiros como Karl von Frisch investigaram a comunicação das abelhas e Donald Griffin descobriu a ecolocalização em morcegos. Desde então, a bioacústica se expandiu de um simples interesse em entender canções de aves e chamadas de mamíferos para uma ciência interdisciplinar que combina biologia, física e tecnologia, servindo não apenas para descrever comportamentos, mas também para monitorar biodiversidade e avaliar os impactos das atividades humanas nos habitats naturais.


Fonte: Canva
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Os primeiros estudos de bioacústica eram movidos pela curiosidade em torno dos sons das aves, produzidos na siringe, mas logo ganharam novos protagonistas, mamíferos terrestres como morcegos e, em seguida, animais aquáticos. Hoje, sabemos que além de aves, os pesquisadores de bioacústica dedicam-se a mamíferos, de morcegos que usam ultrassons na caça noturna a baleias que emitem cantos de baixíssima frequência para se comunicar a milhares de quilômetros de distância , peixes, que geram sons via vesícula natatória ou mesmo por atrito entre partes do corpo, anfíbios que amplificam suas chamadas com sacos vocais e invertebrados que produzem estridulações characteristic as de grilos e crustáceos.


Fonte: Canva
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Dentro desse universo, a bioacústica marinha ocupa um lugar muito especial. No ambiente subaquático, o som é a forma principal de comunicação porque se propaga mais rápido e por distâncias maiores na água do que no ar. Mamíferos marinhos como golfinhos e baleias produzem vocalizações refinadas usando a laringe e estruturas adaptadas para resistir à pressão, além de lançar mão da ecolocalização, pulsos de som que retornam após baterem em peixes, rochas ou bancos de coral, revelando o contorno do entorno. Peixes, por sua vez, exploram a vesícula natatória como caixa de ressonância, contraindo músculos ao redor desse órgão para emitir estalos e outras vibrações, enquanto crustáceos e moluscos fazem uso de estridulação, esfregando partes do corpo para se comunicarem.


Fonte: Canva
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A eficiência da transmissão sonora na água depende de fatores físicos, águas mais quentes e salinas aceleram a velocidade do som, a profundidade e a pressão elevadas também influenciam positivamente essa propagação, e o tipo de fundo oceânico, seja arenoso ou rochoso, altera reflexões e absorções. Para captar essas variações, as criaturas marinhas desenvolveram sistemas auditivos surpreendentes. Baleias e golfinhos possuem ouvidos internos complexos, capazes de interpretar frequências variadas e direcionalidade do som, enquanto peixes contam com a linha lateral e otólitos para perceber mudanças de pressão e movimento, e invertebrados marinhos se valem de mecanorreceptores para detectar vibrações mínimas no ambiente.


A bioacústica marinha traz contribuições práticas fundamentais, ao registrar e analisar os cantos das baleias, as chamadas dos golfinhos e as estocadas sonoras dos peixes, cientistas conseguem mapear rotas migratórias, identificar áreas de alimentação e acasalamento, e até mesmo descobrir novas espécies. Sistemas de monitoramento acústico passivo (PAM) permitem que hidrofones instalados no fundo do mar gravem continuamente por meses, fornecendo dados valiosos sem capturar ou perturbar os animais. Essas informações apoiam a criação de áreas marinhas protegidas e orientam políticas para reduzir a poluição sonora gerada por navios e atividades de exploração offshore.


Além disso, a tecnologia avança rapidamente, hidrofones cada vez mais sensíveis, gravadores autônomos de longa duração, drones e veículos subaquáticos não tripulados equipados com microfones permitem explorar regiões antes inacessíveis.


A bioacústica marinha abre uma janela única para a vida subaquática. Ao estudarmos sua sinfonia, dos cantos graves das baleias ao suave estalo dos peixes, ganhamos uma compreensão mais profunda dos ecossistemas oceânicos e fortalecemos as estratégias de conservação.





Referências bibliográficas:


BERGOFF, Vanessa. What is Bioacoustics, and How Does it Work?. Scientific Origin, 24 out. 2024. Disponível em: https://scientificorigin.com/what-is-bioacoustics-and-how-does-it-work. Acesso em: 20 maio 2025.


MODERN PHYSICS. Marine Bioacoustics: Exploring the Soundscape of Ocean Life. Disponível em: https://modern-physics.org/marine-bioacoustics/. Acesso em: 20 maio 2025.






Sobre o autor: Kaio Bandeira Rocha, graduando em Ciências Biológicas / Licenciatura - UFU, gosta de ler, escrever e ver coisas da cultura pop, apaixonado pela arte e pela biologia.


 
 
 

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