A agricultura, atividade fundamental para a subsistência humana desde os primórdios, desempenha um papel crucial na produção de alimentos e outros produtos essenciais. Nossa sociedade moderna em sua busca pelo desenvolvimento econômico e tecnológico tem esbarrado cada vez mais nos limites do meio ambiente ao buscar produzir cada vez mais rápido e em quantidades maiores, gerado impactos negativos cada vez mais significativos.
Os impactos ambientais podem ser classificados como qualquer alteração ou perturbação no meio ambiente resultante de ações humanas. De acordo com a Resolução CONAMA nº 001/1986, essas alterações podem afetar a saúde, a segurança, o bem-estar da população e a qualidade dos recursos ambientais.
A agricultura em larga escala, associada às práticas de monocultura, necessita de várias etapas para manter seu alto desempenho: desde o uso de grandes áreas para plantio até a aplicação de defensivos agrícolas (os conhecidos agrotóxicos) e o uso de cerca de 70% da água de rios e subsolo para irrigação.
Dentre os impactos ambientais causados pela agricultura, destacam-se a erosão do solo, resultante do manejo inadequado, do uso excessivo de agrotóxicos e do desmatamento, o que contribuí para a perda de fertilidade do solo, tornando-o menos produtivo a longo prazo. Outro fator associado ao uso do solo é a compactação, causada pelo uso de maquinários pesados. A compactação do solo dificulta a infiltração de água e prejudica o desenvolvimento das plantas.
Como apresentado anteriormente, o uso de água para irrigação representa uma alta porcentagem da água disponível para uso. Associada ao uso de defensivos agrícolas essa irrigação pode contaminar rios e lençóis freáticos, causando eutrofização e diminuindo a quantidade de oxigênio na água o que resulta no desequilíbrio de todo ecossistema aquático, além disso o grande volume de água utilizado pela agricultura pode resultar em escassez em algumas regiões, sobretudo nos períodos de seca.
Outro fator importante atrelado as práticas agrícolas é a perda de biodiversidade, o uso extensivo de grandes áreas naturais para plantio resulta na fragmentação de habitat, dividindo em pequenas porções o que antes era um único grande ecossistema, fazendo com que as espécies presentes ali se dividam em várias pequenas áreas o que pode gerar o surgimento de subpopulações e propiciado a chances de endocruzamento o que a longo prazo pode levar a extinção das espécies.
As mudanças climáticas também podem ser atenuadas pela agricultura, uma vez que o desmatamento de grandes áreas está ligado a expansão da agricultura, tal fator aumenta a emissão de gás carbono na atmosfera potencializando o efeito estufa.
É palpável que os moldes de produção atuais não se mostram sustentáveis e evidenciam a importância de buscar alternativas que sejam aliadas ao meio ambiente, buscando uma alternativa viável de produção, como por exemplo o incentivo governamental à agricultura familiar, que atualmente é responsável por cerca de 76,8% dos alimentos consumidos em todo país. Além disso é de suma importância que os produtores realizem Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) nas etapas de produção afim de reduzir potenciais impactos ambientais e mitigá-los quando necessário. Além disso é importante cobrar de nossos governantes a fiscalização efetiva das leis ambientais, possibilitando o desenvolvimento sustentável da agricultura.
Referencias:
DE DEUS, Rafael Mattos; BAKONYI, Sonia Maria Cipriano. O impacto da agricultura sobre o meio ambiente. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 7, n. 7, p. 1306-1315, 2012.
Brasil. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: https://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/MMA/RE0001-230186.PDF
Sobre a autora: Clhaudia Blanco, Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia. Apaixonada pela vida em todas as suas formas e pela educação.
Contato: clhaudiabminasbio@gmail.com
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